Fernando Vieira - Fio da Navalha |
Áureo João
Teresina, 22 de junho de 2019.
Navalha é caos, sem o qual a vida pára na ordem estagnada;
O fio tece o que deve ser tecido;
A navalha corta, recorta, decompõe e separa o todo e as partes do todo;
O fio sutura partes entre partes e partes com o todo, quando inseparáveis;
A navalha talha a vida e coisas da vida que a compõe, separa coisas da vida e a vida;
O fio conecta coisas da vida que dão sentido à vida e a própria vida; laços conexos que religa fil a fil;
A navalha penetra o caos, perfurando-o, retalhando a confusão, sua ordem e sua desordem;
O fio tece a luz à ausência de luz, a lucidez ao caos; o fio ao fil;
A navalha é o medo da vida e a ruptura com o medo;
O fio é o tempo da vida, a vida no tempo, sem o medo da vida;
A navalha é o desassossego da ruptura;
O fio tece a vida, as coisas da vida; e o gozo na vida;
A navalha é corte, recorte, talhos e retalhos, análise e crítica;
O fio sutura e tece o que sobrou do corte da navalha; é síntese do texto, do contexto, do poema e da vida incessante, sempre por uma navalha que corta e um fio que tece fil a fil!!!