quarta-feira, 24 de abril de 2013

À mercê


Eu te amei demais. Não soube dosar. Fui com entusiasmo de um iniciante. Hoje percebo como fui desatenta, com muita sede ao pote. Amei terra e mar. Amei além dos limites, além do que pode ser sadio. Amei sem noção de saúde, de competência, de lógica.
Eu te amei quando você chegou à minha casa, sozinho, cheio de malas nas mãos, estava infeliz, sofrendo, acabara de ficar órfão. Eu te amei quando você quis companhia; quando você não quis aceitar a solidão nem de visita. Eu te amei de janeiro a janeiro, sem recesso, sem tirar férias, sem querer nada em troca.
Eu te amei nos dias em que você sentia frio, queria que eu encostasse de leve meu corpo no seu. Eu te amei quando você não me amou, não soube me retribuir, nem ao menos disse obrigado.
Eu te amei com o amor de uma mãe, amor de proteção, amor para sempre. Eu te amei quando não precisou, quando todos diziam não.
Eu te amei involuntariamente. Te amei por amor. Te amei por que o amor a gente não escolhe, nos é escolhido. Te amei por alguma vontade alheia, talvez divina, sobrenatural. Te amei com inocência. Te amei, apenas. 

(Rosseane Ribeiro)

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