quarta-feira, 17 de abril de 2013

A maldição do cacique Serigy

(Foto dom Cacique Véron)


Nessa terra pisada aqui
Toda água brotava Siri
Donde gota Morava um cacique
Aguerrido intulado Serigy

Mas das embarcações veio o medo
Onde cruzes imperavam respeito
Pólvoras garantiam desespero
E o rei logo decretou o despejo

Com a autoridade Jesuíta
A tribo decidiu não ficar
Armou o arco e flecha
E pintados decidiram lutar

O cacique Serigy
liderou a revolução
com flecha, pau e pedra
gritou a contestação

Milhares de invasores
caíram no chão
Como pode ter um rei
se a natureza não fez eleição.

Os portugueses com as armas
Se puseram a apelar
foi tanto tiro e sangue
que a terra se pos a chorar

O cacique em seu ultimo instante
Se pos a berrar
A maldição iria começar
e nada dessa terra eles iam avançar.

MAs é preciso pensar
que o almadiçoado
não foi a terra não
foi o opressor pela opressão

Então é preciso invocar
Pela coragem do cacique Serigy
Uma magia convocar
E nossas orações os corações inspirar.

Nossa magia não acabou
Estava adormecido
e até na catequese se misturou
Mas junta todo mundo que a magia voltou.

Nossas entidades irão se manifestar
Nossos orixás já estão a se preparar
Nosso povo sem pátria e sem patrão
Pintará a igualdade em um totém bem grandão

SIM, sem mais não
SIm, sem mais não
SIm, sem mais não

Reaprenderemos a voar
para que as balas não nos alcancem
Para que as cruzes não nos aprisionem
Para que os puxa-sacos na mediocridade
da gravidade da resignação
calem-se perante a revolução

Enfim, resignificaremos o sorriso e alegria
Riremos da cara de agonia dos exploradores
Baforaremos nossos cachimbos a beleza verde
que germinará dos nossos quintais.
Esqueceremos a linguagem quadrada e monetária
sem a mandinga da malandragem de nossos verbetes

Os sábados serão dias de descanso
Os domingos serão dias de certezas
Porque o trabalho irá se divorciar da fudida da mais valia
E as noites serão da lua,
o tempo não será dos despertadores, mas sim dos amores.
E a semana toda serão dias pra muita safadeza

E não existirá mais arte, nem artistas
Pois a vida será um poema
A coletividade plena será um quadro visto e pintado por todos
E não existiração classes nem subclasses
Nem padrão, nem normalidades
Pois a igualdade e diversidade
serão tatuagens no peito de cada um,
como uma ferida de flecha, do cacique Serigy.

Vinícius Oliveira

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