segunda-feira, 17 de maio de 2021

Anoiteceu; anos 2000 na cidade brutalizada

 



Fim de tarde ou de noite,

aquele abrasador conhecido; vento de paragem, céu sem milhagem.

Aponta para o universo o incerto destino de andança;

apenas mais um jovem nas aventuras de devorar praças e passagens.

 

O ardor sempre esteve, mas adoçado com calmarias:

da Frei pro Mocambinho, Saci ao Promorar,

cai a noite nas calçadas, pra esperar a brisa do norte,

o fervor no último gole para depois a gente sonhar.

 

Passa ponte, pinga lento, o menino ganha as ruas;

ainda sente o verde, o cheiro manga rosa, o detalhe de cidade.

Não que o urbano capitalizado já não devorasse sentidos, espaços, pessoas,

não que o aperto imposto não sangrasse nossa vivacidade.

 

Tão pouco tempo levou à quimera e transrupção;

a cidade engole as crias, no silêncio e invisível.

Atua para as torres mortas, amua para contradição:

amor, ao concreto; blasé, aos ritos dos povos vivos.


André Café

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