segunda-feira, 17 de maio de 2021

De madrugada a gente questiona: zero

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Já não são trocas de turnos,

cada dia mais a paciência com sono é uma derrota previsível.

Sonhos desfigurados em poucos segundos

não sustentam mais o corpo: morada da sede infindável.

 

Quanto tempo leva para se esquecer o instante?

Dobram-se ao meio e aos quartos partículas de quintessência

enquanto a massa de pesares se avoluma e toma espaço,

faz-se percalço que se alimenta do amanhecer.

 

Segue mais um dia, respostas sem questões e condições contraditas,

melodia de um réquiem às avessas que regozija da aflição:

sons secos do amargo calor, que respingam no peito com vontade,

invadindo a mais vil sobriedade, semeando o mais coerente dissabor.


André Café

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