sábado, 5 de fevereiro de 2011

Alegoria




O manto quentinho da proteção equívoca
aquece em brados fortes o desespero antes esquecido
espelha-me mosaicamente o futuro que me dista
para contento de fardo tão destemido

afronto-me diante de meus pesadelos retóricos
na insasciável tolice da beleza do ser
estar em paz, viver além
do que mais um protótipo de bem querer

a revelia de tamanha sofreguidão
me disponho a bravar por tantas desventuras
e eis que no âmago do meu decapitar
sou o próprio agente das amarguras

e aqueço-me, me engano a soberba
de que outra forma neste plano jamais iria
me cegar, ensurdecer e menosprezar
meu fútil fim de alegoria

(André Café)

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