quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Ontem foi romance, hoje é terror.
Ontem peguei um taxi e tive tempo para pensar. Pedi para o taxista rodar em círculos pela cidade, tentando não passar pelas praças, pelos bares ou pelos postos de gasolina, que são os lugares que mais me fazem lembrar alguém.
- Isso é sério? – me perguntou.
- Também penso assim.
- A cidade é pequena. Impossível!
- Também penso assim.
A cidade é mesmo pequena, tem imagem nossa em todo canto, tem encanto em tudo que é imagem. Quando a gente tomava vodka demais, tinha que ter suco de laranja depois, era o único jeito de lembrar as coisas no dia seguinte. Nunca conseguimos pegar o ônibus das 11:55 porque era o mais rápido de todos, ele sempre passava quando ainda estávamos do outro lado da avenida, que coisa! Por superstição o nosso carro era abastecido com R$ 15,00, nada mais, nada menos. E os filmes? Segunda-feira era comédia, terça romance, quarta terror, quinta drama e sexta pornô. Aí no sábado assistíamos aquele mesmo filme, aquele...é...não lembro o nome, mas vimos umas 50 vezes, porque era uma espécie de comédia-romântica-drama de terror-pornô.
E agora, pelo que diz o taxímetro, vou ter que parar aqui porque acabou o dinheiro. Descendo em frente ao posto de gasolina, atravesso a rua, tomo uma vodka no bar, não tem suco de laranja, vou correr para pegar o ônibus, é quarta-feira, 11:55, ontem foi romance, hoje é terror.
(Larissa Andrade)
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Pô, meu primeiro comentario, não podia ser diferente.
ResponderExcluirMe identifiquei com esse texto.
Porque sera né? =p
Ótimo conto! Conta mais Larissa!
ResponderExcluirna verdade uma crônica. Nomes, quem precisam deles? Os desconhecidos, talvez.
ResponderExcluiradorei! muito bom mesmo!
ResponderExcluirIhhh,gostei Larissa,dos amores perdidos e corações partidos,nos restam contar os contos,alivia e muito!
ResponderExcluirAbraço!