terça-feira, 21 de janeiro de 2014
as meias amarelas que você esqueceu
brincando de soldado na segunda guerra
enquanto guardo as suas meias amarelas
no meu sutiã vermelho sangue e recordo-me
vagamente das estrelas decadentes que beijei
pelas frestas dos seus dentes superiores e ainda
assim não pude achar a saída desta galáxia
onde me perdi ao encontrar estas velhas
meias amarelas que você deixou na parte
mais iluminada da nossa lua e eu ainda
estou sonhando nua em suas frases chiadas
e contagiantes entre as nossas tantas risadas
conectadas pelos dois lados deste vasto afeto
que eu escrevi com o Allen na primeira tarde
depois da sua partida à tribo do lado oeste
quando esqueceu de me dar o beijo azul celeste
que me libertaria deste cofre prata do sul
e então apesar do epílogo que remanesceu silente
pela luneta dos meus olhos avermelhados
eu sei que posso observar o ocidente dos seus
pés distantes descalçados das velhas meias
amarelas que agora estão guardadas nos
meus seios de anseios constelados.
(Laís Grass Possebon)
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