terça-feira, 21 de janeiro de 2014
Queira-se
Por que escrever sobre o Amor quando, às vezes, somos apenas desamor? Por que escrever sobre a doçura quando, às vezes, somos apenas amargura? Por que escrever sobre a leveza quando, às vezes, somos apenas densidade? Por que escrever sobre o sorriso quando, às vezes, somos seriedade apurada? Sinto dizer, mas somos um acúmulo de alternâncias crônicas. Felizes somos, mas felicidade inteira não possuímos. Positividade existe, mas pessimismo é saudável. Prova que não somos máquinas. Há tristeza para sermos dignos da alegria. Há sombras para enobrecermos a Alma enquanto luz. Há espinhos para descobrirmos as rosas e seus perfumes. Há desacertos para cabermos nas amadurecências. Não dance fora do ritmo. Não tape o sol com a peneira. Queira-se! (Como se quer o outro, defeituoso. Mas se quer porque se ama. Se quer em suma – carne e osso e vícios muitos.) Nem sempre telhado de vidro é mais contemporâneo que telhado de palha. Bom seria se um dia não fôssemos humanos.
Nayara Fernandes
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