sexta-feira, 11 de abril de 2014

EXSICATA


Botão em flor, colhido ao fruto
Folha, fruto e raiz
Temporariamente guardados no frio escuro
para não perder cor, cheiro, forma e sabor.

Na urdidura do tear da vida, tear divino, puro
Divina Tecelã e fiandeiras
da vida colhem o melhor
Levam poetas e gênios, para si;
quase sempre muito cedo.

Da luz increada para a luz
Rouba o poeta a poesia
dando vida ao obscuro
cor à luz da vida, policromia.

Como aquele que subiu ao Olimpo,
roubou o fogo e deu aos homens
Poetas foram acorrentados a grandes pedras
por verem do homem a luz e a sombra.

Unindo-se ao espírito em busca da alma
roubando da morte a verdade escondida
entregam-na como flores colhidas no escuro
entregam-na à noite na certeza de um novo dia.

Fria exsicata, colhida tão cedo da vida e do tempo
guardaste em ti o calor da alma ao vento
as belezas que aos olhos do poeta, e ao seu coração,
fora insuportável de guardar só para si
Sem medo de ser feliz, partilhar sua visão de mundo.

Louco poeta que enfrenta a fúria do tempo
como uma pena que enfrenta o vento, leve como a alma.

REFERÊNCIA:
ALENCAR, Pedro. Exsicata: coletânea de arroubos poéticos e outras loucaventuras alquímicas. Teresina: Gráfica Arco Íris, 2013, 116p. [Poema "Exsicata", pp.46-47].

Pedro José de Alencar. Exsicata. Disponível em <http://aureojoao.blogspot.com.br/2014/03/pedro-jose-de-alencar-2013-exsicata.html

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