sexta-feira, 9 de janeiro de 2015
Não tem amor pra pobre preta
Não tem amor pra pobre preta,
pra preto pobre não tem amor
Quando há o risco de felicidade em verso livre:
"quem são eles pra se atreverem a amar?"
"onde estão as vis mordaças?"
"o que se fez? De novo, faça!!"
"onde estão os contos de réis de seu calibre?"
"mas que indumentária é essa?"
Façanha tacanha dos desamores do mundo
não há lírio que sobreviva ao lirismo de fel
nós que só queríamos amar; e amamos
em resistência e revelia
sofremos a cada dia
golpes e mais golpes de pesar
Preto pobre pinta parede piscina de palavras
mas não cabe a ela e a amada, decidirem sobre os beijos
sobre o desaguar de seus sentimentos;
"alto lá com esses sorrisos e paixão!"
"abaixe essa emoção e deixe em riste
o triste torpor conservadorista"
O fervor que indica é o do desigual
a lágrima que cai é óleo de motor
o céu de sonhos, é o mérito social
do qual ambos debocham enquanto se abraçam
Mas querem desgastar pra vencer
para quem resista, sobre o perecer
e todo traço de carinho seja desfeito;
e todo afeto que havia no ser
se torne bom costume e respeito
André Café
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