terça-feira, 11 de março de 2014


Moça dos olhos de chuva,
Pra onde levas, assim, meu coração?
Fardo cruel que trago no peito
E que carrego por caminhos onde a luz jamais pisou.
Para onde o levas? Que obscuros mistérios
Movem de tal forma tua mão involuntária?

Moça dos olhos de chuva, do rosto de neve,
Por mil noites vaguei na sombra silenciosa do tempo
E ouvi a voz austera do vento de Março
Soprando pelos corredores da mansão do medo
Para onde me arrastas. Rumino, a um canto, a conclusão:
Minha alma não paga esse sequestro...

Moça dos olhos de chuva e do sorriso de Sol,
O mundo inteiro jaz no simples gesto
De derramar nos meus ouvidos lassos
A doce canção da tua voz. No entanto
A paz é fuzilada. Caminha, tropeça, morre
Nos campos onde sempre é dia de finados.

Moça dos olhos de chuva, dos olhos imensos,
Profundos como o céu e repletos de perigo
Como as entranhas dos vastos oceanos.
Quero por eles lançar minhas velas em chamas
Mesmo que o naufrágio seja a única promessa.
O mundo inteiro jaz no teu sorriso...

Moça dos olhos de chuva, a tempestade anuncia
A completa ruína das muralhas de outrora.
A tristeza das horas fica gravada pelo gesto frio
De entalhar teu nome nas pedras do tempo
Enquanto observo teu vulto se distanciando
Como uma ave que se dissolve em pleno voo.

Moça dos olhos de chuva, derrame sobre o campo
Onde plantei a semente da minha ternura
Esses raios de luz do teu olhar
Que atravessam meu peito como flechas de saudade.

(Igor Roosevelt; 07/03/2014)

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