quarta-feira, 25 de setembro de 2013
Porção de ser arte
Não há mais poemar dentre teus vícios
os muros de lei ergueram-se em sua volta
enclausuradores normativos te perseguem
e o verso dorme ileso na tua língua
Cospe! Abruptamente em escarro
cavoca os alicerces do real
é palpável apenas a parte que tu queres
escancare as falhas desta parede moral
Há poema em tudo que vê
onde tu tocas, faz sentido, o reverso e o dado
se você sente, emana em ti o soletrar de impulsos
Faça, na leveza ou imprudência, o versar orbitado
Os muros vem e vão, à nossa má-sorte
mas de tudo que mais te impregna
não há qualquer perigo na esquina
que te mate a tua porção de ser arte
André Café
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