sexta-feira, 14 de setembro de 2018
quarta-feira, 22 de agosto de 2018
Negras tormentas agora
Já se aperta demais o sufoco,
duma vida financeirizada;
aos holofotes, a ilusão da corte
da fuga ás estruturas, negada.
É mais que um edifício,
maior que uma lei;
mais forte que uma ideologia,
imane e imune a qualquer rei
Não nos apetece o abraço das correntes,
não nos enaltece o sacrifício do labor;
não nos interessa a pedagogia do carrasco,
não nos importa medir o terror.
A validade se esconde em cada mente,
em toda história e capacidade,
de olhar para o fato e, de fé, negá-lo,
com toda a pompa da sociedade
O fogo é transformador,
a vontade é destruição,
passo firme, com amor,
no euforia de monção.
Não haverá mais correntes;
se findará toda dominação,
seremos nós, as torrrentes
do curso da revolução
André Café
Sem pesadelos
Rasga-se a pele para metrar o espaço de fala,
livre de julgo, e aponta sem medo,
incoerentemente justo,
humanamente intolerante.
Cada passo de diálogo,
uma pá de terra;
jogando nas valas o sangue negro e nativo,
o corre é se manter vivo, pelos desvios.
A face não oculta, no jornal familiar,
aparente é o fato, a densidade é fútil;
enquanto isso a carne sangra
ao sabor do ritual mercado
Doce amargor legal,
a morte se anuncia aos de sempre,
mas nem sempre se é criatura que não morde;
jaz o turno do silêncio
Quimera fascista, o algoz ao horizonte
cada grito findado será nossa fonte,
e nenhuma palavra será dita;
sem rendição, sem pesadelos
para nenhum caminho ser 'reandado'.
André Café
terça-feira, 7 de agosto de 2018
12
Sempre falamos saudade,
e seguimos lembranças.
Não há erro, é presença,
que expressa nossa verdade.
Doze anos, de doses insistentes,
que enxergam a magia em letras soltas,
que percorrem a permissão por tantas rotas,
fazendo da coletividade algo presente.
Poesia, verso, canção, história contada, silêncio falante.
do pouco, do rito, da prosa e liberdade,
não se pretende ser a verdade,
mas produzir, pra fazer gerar o canto popular, adelante.
André Café
Indelével
A gente te chamava de menina,
acreditando na dança que sempre seria eterna
e na folia que permaneceria,
fazendo você pequena pela eternidade.
Talvez até seja, mas o mundo devora idades,
o sistema se alimenta de sangue e suor,
nós seguimos, pra sobreviver, enquanto você se fez ideia
para quando sentíssemos saudades.
Passa história, vão e vem pessoas,
concreto, asfalto, cinza e calor;
nada parece convite, tudo parece granito;
que se desprende no grito da lembrança
E sempre vem; sempre gera, pra um suspiro de liberdade;
você, eu, nós, a cidade, o coreto, o passeio, o sem fim.
Mais uma vez no ligamos, mais uma vez nos abraçamos.
O sentido de finitude se esvai e permanece a convicção
Vem e vão destinos,
mas o que grudou nossas inquietudes
é indelével
André Café
12, mas 7
Na conta de 12;
no peito de 7,
na vida de doses,
de tempos algozes
Quisera infinito,
de verso e poema
ao som de revelia,
regendo folia
Meu bem, me perdoa,
a chama de mundo grita;
reborda a cidade inteira,
sem pano, eira ou beira
Nua, pelo noturno olhar,
cada lugar no mesmo passo;
poema, cante a voz das pessoas
não se encastele à proa.
Posso viver ou sonhar,
lutar, sempre que respiro;
mesmo as batalhas sem fim,
mesmo que diste de mim.
Mas a letra fala do agora,
por hora, tem lembrança
Saudades do giro que fez,
quando foi aquela vez?
Que a gente, na sina,
encontrou a menina
e pairou sobre a liberdade do dizer:
que hoje são 12, mas no coração são 7.
conta errada, difícil de esquecer.
André Café
Volta e rente
No fluxo, no rumo, no entremeio;
na despedida do acaso:
uma caminhada vertiginosa de mesmices;
sigamos, seguimos sequência.
e o lapso insurge, pra que olvidemos o inesquecível.
Ordeira jornada da mesma história,
empurrando o nexo para o fim,
de mim, de nós, das cores que acendemos
e ri triunfante, o domínio que se entregou.
Mas ele não espera, que nada se foi
ao passo marcado, tem piso torto,
tem memória aquecida, tem faro de verso,
tem sombra de rima, poema de esquina
Ela não se fez cinzas; amua na cabeça
e espera, mesmo que por um dia,
a gritaria desvairada solta e altiva,
na boca do mundo que fibrila
Vem e vai, volta e rente,
poesia daqui pra frente,
uma dose de fartura, pra vencer a amargura
intransigente
André Café
domingo, 13 de maio de 2018
Esse poema não é pra você
Fiz uma carta e espero que não leia,
montei uns versos e espero que não sejam pra ti,
escancarei as janelas para o fecho,
achei notas que não são tua canção, nem frenesi
Eu viajei e senti os teus não beijos
eu marquei o dia para não te ver,
eu deixei a carta em outro endereço,
eu me interesso pelo que você não quer saber
Eu queria apontar 'proutro' rumo
e deixar tua sombra na saudade
eu desejo que tu andes longe de mim
para que eu me engane com mais sobriedade
André Café
Sobreaviso
O teu riso e minha prisão,
desde que vi então, me apaixonei
e já o não sei é resquício
daquilo que jaz, quando fito
o infinito, num instante;
é o grito errante, que murmura o silêncio
paro, penso e leve
eu sou regojizo
do sonho qual embriaguez;
do simples olhar, talvez,
da cena, de sobreaviso
André Café
Faz tempo que poesia
Não sei quando eu perdi a explosão da vida,
e meu corpo em cada canto e extremo
ou em cada passo de silêncio
sentia, porquanto exauria, a necessidade de ser
E fui, como na centelha sem fim,
mas no fim, num apagar das sombras,
amuei, quase comedido em dizer
que aquilo era eu sendo, deixando de ser
Não sei se são as velhas rotas,
ou tortos caminhos que me despeço
ao tempo, uns amigos vão ao longe
e fazem trajetórias de ciclo,
sou eu, meu âmago e o infinito
circulando na velocidade mil
se estendendo até o reduzido sentido de humano ser
André Café
quarta-feira, 28 de março de 2018
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018
Da condição do eu
O devir é perambulo,
quase se deixa supor;
na verdade é sufoco,
quando se põe em favor.
O reflexo ou o númeno
não sei dizer.
se trafego num mar infinito,
ou se o dito é razão do querer
Passo a peso, ponto fraco
me fortaleço e arrebato;
num alto e baixo som de mim
é meu ser em si que mais maltrato.
André Café
Da vontade humana
Muito se risca ao vício da humanidade;
sou arte porque existo,
ou no existo, sou arte
qual parte da miúde do ser,
é crescer sem toda vontade?
O que move e lamenta,
respirar é sofrer, acordar é sofrer,
o devir é ideal ou mais sentir?
O que devo subsumir da pequena plenitude
que arde a cada inspiração poética?
Eu, o nosso, moral e ética,
num baile de sutil melodia
arranca a garganta do medo
e se indaga? Em qual pedaço senil,
está a lógica de ser em si, pueril?
Façamos as perguntas, no romper do silêncio;
com, para e além da ciência, do infinito limite
de se sobressair em parametrizar:
nem de longe a realidade é resposta;
representa, o que está na percepção imposta
André Café
quinta-feira, 11 de janeiro de 2018
Poesia largada
Chovem as letras
da queda d'alma
de minha subversão.
O contrário pelo pranto,
marcado no papel
aquém da mirração.
É verso ou avesso,
no passo sem eixo
da má versão.
Que ri e que chora,
recorta e descola
do peito à canção.
André Café
Longe de mim
Foi só o tempo do lume no frio chão de asfalto,
apagar todo e qualquer rastro de caminho à ti.
Arrasto-me num rasgar perdido de veredas e sertões,
para cada milhagem mais tarde de ti.
Desce o rumo, perde o prumo e a poesia,
ou se encontro o fio da prosa no verso da estrada.
Se não for tristeza, é só paisagem tardia,
no fim do dia as vozes dizem que não é nada.
E a selva se concretiza no fim,
eu, as minhas incertezas e o dia que segue.
Dor e prazer num misto frevo em frenesi,
pra qualquer ilusão de pavor que me carregue...
Longe de mim
André Café
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