Do alto-falante oficial,
esbravejam engasgadas palavras em conservas;
é um "fica tudo como está", "é seguir pra desenvolver",
é "um bem comum" estrangeiro ...
Alardeiam, esperneiam, aos quatros cantos,
de nova ordem, de proteção, de pátria, de lugar divino.
Nem o mais tenro menino ouve, nenhum lugar ecoa o sibilo,
nem baixas frequências reproduzem este brado.
As ruas sem beiras, com canções e flores,
a passos assertivos, à marcha fulminante, ao porto escondido,
as veias abertas, dos grilhões vencidos, do prazer demorado,
em uníssona voz, ao algoz agora arrependido, num tempo sem perdões.
Os inimigos espreitam; mas há força, num mútuo fazer ebulição.
André Café