segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A condição desumanidade: porta de entrada para o homem; o Inferno antes de Duque

Medieval Tombstones. Serbia Photograph - Stecci.

Dez badaladas insurgentes avisam o passar do tempo que se corrompe;
neste reino em putrefação, de reis e corte sem escrúpulo algum, me colocando neste meio,
o império que construímos sobre lama e sangue começa a criar os primeiros sinais de bestas sedentas
por poder e carnificina. Tolos, medíocres, humanos.
Enquanto encerro o vinho, o sibilo nem tão presente, sinto-me enojado em ser parte de toda essa viral existência. Humanoides, sede, fome por riqueza, acima de qualquer preço. Eu mesmo, saboreio deste receio, mas me contorcendo em náuseas e escárnio. Vil, torpe humanidade.

Do alto do Monte sagrado observo rituais macabros, envolvendo sacrifícios; observo execuções de todas as ordens; são enforcamentos, guilhotinações, flechas ao corpo, incinerações, as mais variadas formas humanas de saciar sua vontade por carne. E esta carne invade todos os sabores e esperanças.

- Hum ... este mundo se encastela em bases podres e logo o banquete de auto devoração estará preparado. Não percebo senilidade, não sinto inocência ou mesmo causa instintiva; é o desejo, é o labor do humano ao flagelo, a destruição. Eu e um mundo roto de perdições. Ha! Ha! Ha! Obliterem-se bestas que se arrastam sobre a terra sem uma existência útil; embebam-se das futilidades e devorem-se como se fosse a ilogia deste planeta. Mas me parece que assim o é. Pacóvios! Energúmenos! (...) Disto faço parte, mas com tanto asco que desejaria vomitar minha pele, minhas vísceras e jogá-las aos cães para me libertar de qualquer vestígio de humanidade. (...) Creio que bebi vinho demais hoje, me envolvi de tal forma com minhas virtudes que saí de mim por um tempo. Seria a solitude? Quem dera fosse loucura? Ou seria vinho de menos?

E nesse instante, um pergaminho surge da janela e cai defronte a mim. (...) Não haveria verossimilhança naquilo que li, nenhum cientista, nenhum rei ousaria crer naquilo que estava escrito em pedaço maltrapilho de papel. Mas havia nele uma energia que me seduzia de tal forma; não o tomei como mentira, eu o assumi como verdade.

- Uma visão do mundo dos homens; uma percepção a partir do inferno. Neste lugar que a nobreza é suja e se perdera. Um convite inusitado para um chá. Pelo visto, proposto por mais um homem iludido com a ideia de querer formar uma teoria que explique a condição humana de existência. (...) Mas, reconhecer o inferno não me causa mal algum. Pelo contrário, incita-me de um gozo jamais sentido aqui na Terra! Onde as iniquidades encontram suas consequências. Irei, irei sim. Escute em qualquer tempo e história! Eu deliberadamente desejo me encontrar com você Sócrates para este chá! Escuta-me e diga- me como proceder!

Satan observa. Permissão concedida para Duque de Copas encontrar e explorar o Inferno.

- Sim. Compreendo a magnitude deste projeto e a cautela em determinar as variações e coordenadas para se encontrar tal espaço outrora irreal para mim. Mas compreendi as elucidações imputadas diretamente no meu córtex cerebral. E me expurgo deste recinto, para me associar com este miasma.

Uma saída triunfante, enquanto o vaso de flores decai na sacada.

Duque de Copas no caminho de Epizêuxis Semântica

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