terça-feira, 25 de setembro de 2012

O homem que matou o amor



Por muito tempo acreditei
que a vida tivesse dois sentidos bem definidos
passado e futuro,
como dois pontos distintos sobre um papel
e cada um, uma pessoa
uma mais rápida que o tempo
e outra mais lenta
à sombra do momento intangível

mas há outro ponto
que se senta em algum canto qualquer
cansado demais para ir adiante
ou para acreditar no potencial das coisas

está exausto
e as árvores já mortas
não lhe dão sombra

constrói-se no agora
antes do próximo segundo
não em castelos medievais
ou em naves espaciais intergaláticas
mas em casa de tijolo e barro
que se o tempo levar, ele reconstrói
inda que sonho, inda que tinta, inda que papel
inda que sinapses

e as ilusões ele trás nas mãos,
nos pés e passos, o coração
as lágrimas ele chora agora
pelas árvores de agora
e no agora planta suas sementes e ideais
os que respiram
inda que calados
dentro de seu peito calado
que abafa o grito
de quem matou tudo
o que mais amava

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Manoel Guedes de Almeida
Teresina-PI, 11/09/2012

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