quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Fósseis do Amor




Uma vez eu li que o amor é livre, mais livre que um pássaro, que é por isso que magoa os amantes, pois não cabe no espaço de se estar apaixonado. Meu primeiro namorado acusou-me de ter um espírito livre, indomável, como poderia culpá-lo. Penso que sou tão livre quanto o amor, não caibo numa caixinha para ser guardada no coração. O amor não tem paciência de esperar o momento adequado ou de responder com compostura, o amor está mais para a loucura que para a consciência do ser. Acredito que a saudade seja uma definição mais apropriada para o amor, é a saudade que reina absoluta, mesmo quando o amor se vai, ela é a única certeza que o amor existe (se é que alguma vez alguém o viu). A saudade é o resquício do amor, a dor latejante que habita o coração, o sabor do gozo, do beijo deixado para trás, o perfume que fica mesmo quando o amado já foi. A saudade permanece ano após ano, o amor muda, esquece de aparecer, mas o calorzinho no peito nunca vai embora. A saudade fica, perdura, poeirenta e velha, como os fósseis que nos dão a certeza que um dia dinossauros andaram sobre a terra. A saudade é o fóssil do amor, deve ser verdade, o amor parece-me uma coisa pré-histórica e ameaçadora, porém extinta por uma força maior. Acho que o meteoro matou o amor junto com os dinossauros e só deixou uma ruína de sentimentos confusos e perdidos, saudades eternas, saudade de coisas inexistentes ou nunca vividas, saudade de amores passados e amores futuros, saudade de coisas que nem conhecemos, saudade daquilo que fomos ou um dia, quem sabe? Seremos.

Nynna Zamboti

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