sábado, 26 de janeiro de 2013

ESTUPRO

Georges Rouault, Homo Homini Lupus [Man is wolf to man]


Há gente que estupra nossa dignidade,
Se há de termos nossa essência.
Há gente que estupra nossa alegria,
Um sorriso para uma escapada para a vida.
Há gente que estupra nossos sentimentos,
Se deixamos nossos corações muito abertos.
Há gente que estupra nossos sonhos,
E assim abortamos a vida
Que arde em nossos coações, em nossa alma.

São pessoas frias, baças,
Sem gosto ou gozo à vida, às coisas da vida.
Além disso, elas estupram a si mesmas.
Filhos da carne!
Máscaras escondem seus rostos.
Esperança amaldiçoada
Como o negro feto morto
No útero de uma mãe,
Deixando a esperança de ter outros filhos,
Como um corpo frio devorado por vermes
A sete palmos da terra.
A humanidade sangra e está abandonada.
Filhos perdidos estupram a moral
E a única luz de um ser.

Todos pensam: por que sonhar?
Se tudo o que temos
Outro inveja e rouba.
E buscamos crer em outro, de verdade?

A natureza humana é de lobos famintos, sedentos.
E estamos entre eles.
Vampiros que sugam toda vida
E devoram nossos corpos cansados.

O que é mais digno para um homem:
Viver entre tanta vilania ou morrer tranqüilo?
As ruas espiam nossos lares.
Lá fora, nascem monstros escondidos na escuridão.
Que não valem à pena
Com suas vidas sórdidas, imundas e desumanas!

Não cantarei com alegria o futuro
Vendo tal ignorância, estupro à vida.
Não cantarei, não!
Não cantarei a vida,
Esta que estar por se dizimar.
Não louvarei a esperança,
Apenas, um silêncio aniquilador.
Ficarei mudo e mudo fenecerei,
Assim, com a vida.


(Davys Sousa, 02 de Setembro de 2008 – 15:04 p.m)

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