sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
Vozes
Vivo sozinho no mundo,
Sem amor, sem companhia,
Apenas, o luar pálido a transfigurar
A inquietação e ausência.
Vivo em meu estado de zero absoluto da alma.
Sem esperança alguma
Ou sequer uma lembrança cálida e avivente...
Apenas, um retrato pálido
De alguém já morto em si,
Perdido em uma memória,
Apenas de si mesmo.
Vivo na imaturação temporal
E creio em nada, absolutamente.
Tudo está obsoleto
E transcende toda efemeridade da vida,
Do que é belo, imensurável e memorável.
Há um poema em mim,
Que vem à tona.
Há um poema em mim,
Há uma noite em mim,
Há uma vida que nasce,
Mas não morre.
Fica lá, no seu inotável cantinho.
O silêncio me perturba.
Não vivo, agora,
Só liberto um ser que vive.
Minha vida, apenas,
É algo de passagem.
Há um poema em mim,
Eu falo!
Há vozes em minha cabeça.
Elas não param!
Há vozes em minha cabeça,
Elas mandam,
Impedem.
Vozes confusas, estranhas.
Elas mandam eu me calar.
O silêncio é perturbador!
Há vozes em minha cabeça,
Mandando e desmandando:
Mate-se!
Pare!
O caos chega em minha alma.
Dubiedade!
Mecanismo de fuga!
Não sei quem sou.
O caos me governa.
O SILÊNCIO é perturbador,
Às vezes, não é?
Eu ouço vozes em minha cabeça.
Aonde ir? Quem sou?
Mente e corpo e coração
E alma dilacerados, retalhados
Como um corte profundo.
Há vozes em minha cabeça.
Elas não param.
Mandam,
Impedem a evolução.
A evolução!
Mandam, desmandam:
Mate-se!
Pare!
Dicotomias abertas, chagas negras do pensar...
Feridas da alma que não se cicatrizam...
O que é viver?
Tirano, o caos subjuga o espírito mais fraco.
Fraqueza! Não-evolução! Sobrevivência!
Há vozes, elas me chamam...
Há vozes, deletérias vozes... sussurram...
Elas não param...
Elas nunca param.
Vozes, ecos, sistemas...
O silêncio é perturbador, não é?
Vozes... vozes. Vozes... vvvvvozesss....
Sistemas de sucção...
Eles te apagam.
(Davys Sousa, Teresina-PI, 04 de Setembro de 2008 às 10:00 a.m)
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