Sei da doçura de me lambuzar em fantasias e de despir as palavras para vestir meu ser. Aos poucos revelo a grandeza de crescer e polir os desejos inócuos. Bem sei ser uma flor, linda e macia, com um perfume de paralisar a alma. Sei mais ainda ser uma águia, dotada de sua precisão e de um foco irredutível. Uma perfeita camaleoa, que migra e adapta-se pra manter o corpo quente e a mente sã. Voando em direção ao sol para encontrar o amor perdido.
Ando ocupada demais diluindo a saudade e bebendo a solidão. Atos falhos fenecem a alma e contraem o peito derramando o suor nos olhos que deixam o sabor amargo da decepção e do arrependimento na boca. Há sempre uma metade, um choro silencioso, um sorriso de canto e sempre, sempre dois olhos atentos e inquietos. Há um quem bem-querer que me quis que se foi, que se fosse, ah se fosse! Que deixou, e deixou-me inteira e límpida. Casei com a oportunidade e faço do ar uma ponte que me levará ao topo do ouro reluzente e que atingirá com violência os olhos dos invejosos. Exagero, contemplo e admiro os mais várzeos sentimentos entupidos em veias dilaceradas. Consumidora do irreal e protagonista da luxúria envolvida na perspicácia!
Desejaria ser uma meia-sangue. Me fiz esta, embrulhada com toda doçura e bondade de uma humana destra e metamórfica. Batom vermelho, cabelo preso. Prazer!
Desejaria ser uma meia-sangue. Me fiz esta, embrulhada com toda doçura e bondade de uma humana destra e metamórfica. Batom vermelho, cabelo preso. Prazer!
(Rosseane Ribeiro)
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