quarta-feira, 18 de julho de 2012

DIÁLOGO SURREAL CITADINO


(...) _ _ _

O poste parou, pensou e falou para o cano: 
-- “muita água ainda para rolar?”
E o cano, na ponta da língua, respondeu: 
-- “tanta quanto a que rola na hidroelétrica, mas sem fiação que a aproveite por todos os lugares!”
A pedra de calçamento, ouvindo a conversa, pensou em voz alta: 
-- “no final tudo volta ao pó.”
O tijolo, que assistia a toda a prosa silencioso, refletiu consigo e comentou aos demais amigos:
-- “no fundo, sem nós e sem nossas obras, talvez não se concebesse a urbanidade.”
E o gás, ali embotijado no subsolo, devaneou: 
-- “o progresso eu acompanhei, para evitar a morte das árvores; mas eu mesmo trago um pouco das finadas florestas e matas pré-históricas ... e de animais pré-históricos ... e até os pré-humanos!”
Mas o telefone público, na sua sabedoria, explanou: 
-- “todos nós, cada um em sua linha de condução, temos nossa função social e importância para o futuro da humanidade.”
O relógio da praça, com um leve acelerar no compasso dos ponteiros, cogitou para consigo próprio: 
-- “eles mudam de forma e de lugar, mas sempre pensam o mesmo!”

(...)

* Para a cidade de Teresina e seus(suas) habitantes piauienses, maranhenses e nordestinos(as) todos(as) aqui conviventes. Sóciopoetas emudecidaente censurados(as) pela necessidade de superviver além de sobreviver ao subviver. Essa foi pra você Therezina.

[publicado no Jornal A Verdade versão impressa em maio/2012]

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