terça-feira, 24 de julho de 2012

Entre o desvio e a reta



Nas passadas da vida,
Ela só queria cambalhotar à deriva
no caminho sem trilha
Cresceu com a visão desviada,
Via beleza aonde ninguém mais via
Sentia cores que ninguém mais distinguia
Palavriava frases que ninguém mais entendia
Até cansava em repetir o que ninguém queria ouvir
Mas não cansava de sentir que seu desvio
Era o caminho certo a seguir
Mas todos a renegavam e afirmavam
que andar de costas não fazia bem
e que a moda ‘’od artnoc’’¹
é arcaica Che²,
tinha que seguir o Tche Tche Rere³
e todos cantavam afinados:
- só você não crê,
não seja diferente,
só você não vê,
Seja igual a gente.
O canto ecoou tão harmonicamente,
Que ela não sabia mais o que seria
E no que valia tamanha diferença,
se lá a vida parecia mais tranquila
Adaptou seu passo,
e perdeu as pernas
cantou no coro,
e apenas zumbidos dizia
Assim precisou se mover por cordas,
Injetar pílulas de alegria,
Ver em fullscreen as cores que antes via,
Até que seu desvio fosse normalizado,
Até que não sentisse mais o ar,
Até seu coração não mais pulsar...

Suzianne Santos

¹do contra
²Che Guevara
³''Gustavo Lima e você''

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