quarta-feira, 25 de julho de 2012

Quanta vida pode existir em uma rua?


          Centenas, ou talvez milhares, de pessoas transitam pelo calçadão diariamente. Uma profusão de mentes circulantes, com suas preocupações e meias peculiaridades. Tem aquela senhora robusta, com seus setenta e poucos anos, no seu vestido branco com estampa preta e indefinida, caminhando desengonçada. A mulher que leva a garotinha, provavelmente sua filha, pela mão, vestida numa malha rosa e tutu de bailarina, de tal forma que suas jovens perninhas quase não acompanham o andar apressado da suposta mãe.
            Também transitam jovens em uniforme escolar, alguns saídos das longas aulas que acabam após as 14h, outros simplesmente as gazeiam; o ambiente escolar é lindamente tedioso aos dezesseis anos. Tem aquela moça jovem, em sua camisa social branca aprumada por dentro da saia-lápis de cintura alta – arrisco dizer: um uniforme de trabalho -, que corta a rua cheia de pressa, com caixas empilhadas nos braços.
            Aquela profusão de sons; algumas lojas sintonizam nas rádios FMs, outras colocam suas propagandas e promoções repetitivamente tarde adentro. E ainda há aqueles em clima junino, pelos quais passamos a ouvir antiguidades, como “eu vou me atrepar num pé de coco, pra saber se o coco é oco, pra saber se o coco é oco...”.
            Crianças... Sempre há crianças a repuxar os braços cansados dos pais, encantados com algumas vitrines infantis. Ou com o ambulante que vende os irritantes brinquedos de bate-bolas, que parecem se multiplicar tão rápido quanto baratas. Sim, é possível ser uma velha ranzinza aos 23 anos.
            E mesmo com as altas temperaturas teresinenses, há os casais de jovens, às 15 horas de uma quarta-feira, a conversar timidamente sentados nos bancos, de mãos trêmulas pela proximidade, pelo desejo e pela timidez. Ou o vendedor idoso do carrinho de água de coco, que conversa simpaticamente, como se não houvesse todo aquele barulho, calor, mau humor de alguns compradores ou cansaço por passar o dia em pé, a trabalho.
            O sol cai, o movimento diminui, trabalhadores se preparam ansiosamente para o descanso. Baixam as portas do comércio; o senhorzinho – aquele mesmo da água de coco -, vai para casa, ainda com seu sorriso convidativo para jogar conversa fora, apesar de exausto, e a rua se prepara para dormir. E acordar na manhã seguinte novamente, com outras tantas pessoas pulsando como sangue, em um bater de coração, dando-lhe vida novamente.

Mayara Valença
20/06/2012
Rua Simplício Mendes, THE/PI 

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