Centenas, ou talvez milhares, de
pessoas transitam pelo calçadão diariamente. Uma profusão de mentes circulantes,
com suas preocupações e meias peculiaridades. Tem aquela senhora robusta, com
seus setenta e poucos anos, no seu vestido branco com estampa preta e
indefinida, caminhando desengonçada. A mulher que leva a garotinha,
provavelmente sua filha, pela mão, vestida numa malha rosa e tutu de bailarina,
de tal forma que suas jovens perninhas quase não acompanham o andar apressado
da suposta mãe.
Também transitam jovens em uniforme
escolar, alguns saídos das longas aulas que acabam após as 14h, outros
simplesmente as gazeiam; o ambiente escolar é lindamente tedioso aos dezesseis
anos. Tem aquela moça jovem, em sua camisa social branca aprumada por dentro da
saia-lápis de cintura alta – arrisco dizer: um uniforme de trabalho -, que
corta a rua cheia de pressa, com caixas empilhadas nos braços.
Aquela profusão de sons; algumas
lojas sintonizam nas rádios FMs, outras colocam suas propagandas e promoções
repetitivamente tarde adentro. E ainda há aqueles em clima junino, pelos quais
passamos a ouvir antiguidades, como “eu vou me atrepar num pé de coco, pra
saber se o coco é oco, pra saber se o coco é oco...”.
Crianças... Sempre há crianças a
repuxar os braços cansados dos pais, encantados com algumas vitrines infantis. Ou
com o ambulante que vende os irritantes brinquedos de bate-bolas, que parecem
se multiplicar tão rápido quanto baratas. Sim, é possível ser uma velha
ranzinza aos 23 anos.
E mesmo com as altas temperaturas
teresinenses, há os casais de jovens, às 15 horas de uma quarta-feira, a
conversar timidamente sentados nos bancos, de mãos trêmulas pela proximidade,
pelo desejo e pela timidez. Ou o vendedor idoso do carrinho de água de coco,
que conversa simpaticamente, como se não houvesse todo aquele barulho, calor,
mau humor de alguns compradores ou cansaço por passar o dia em pé, a trabalho.
O sol cai, o movimento diminui,
trabalhadores se preparam ansiosamente para o descanso. Baixam as portas do
comércio; o senhorzinho – aquele mesmo da água de coco -, vai para casa, ainda
com seu sorriso convidativo para jogar conversa fora, apesar de exausto, e a
rua se prepara para dormir. E acordar na manhã seguinte novamente, com outras
tantas pessoas pulsando como sangue, em um bater de coração, dando-lhe vida
novamente.
Mayara
Valença
20/06/2012
Rua
Simplício Mendes, THE/PI
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