segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Toada antiga no tempo moderno


Na pancada do verso solto
abriu-se o portão da rima
cantando o boi peneirado
com meu galope martelado
tambor batendo por cima
na pancada eu rimo ligeiro
cantando meu boi mandingueiro
modelando o verso na lima

Balança meu boi mandingueiro
mandinga na frente do vaqueiro
não deixa ele te pegar
ele quer tuas fitas de ouro
teu gibão de couro
com uma faca arrancar
pra fazer uma roupa colorida
pra uma moça bonita
nessa noite enfeitar

meia noite toca tambor
vou ver o meu povo baiar
vem chegando moça bonita
vestida de chita
tem sândalo pra se perfumar
vou dançar com a moça mais bela
mais caso com aquela
que me acompanhar

quem matou o boi
prepare-se para punição
meu patrão vem enfezado
montado no cavalo do cão
as velas já acendi
to fazendo minha oração
rezo pedindo a graça
banho de cachaça
e a vida do cristão

o meu boi não é catimbó
no samba é boi luzeiro
levanta poeira dançando
escurece o dia inteiro
é vela de pé de cruz
que brinca com o sol faiscando
com dez mil fitas de luz
seres encantado das lendas
toda alegria ele conduz

Girando no meio da roda
queima junto da fogueira
dança com o encanto da lua
treme o canto das lavadeiras
tem a força das palavras
das mulheres rezadeiras
pisa na pancada do coco
das mulheres quebradeira

(MarcoFoyce)

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