quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012



Hoje saí loucamente pelas ruas em busca do amor
Louca. Cabelos soltos. Sorriso aberto. Despida. Despida de moral
Saí por todos os cantos da cidade
Correndo. Andando. Pulando. Me escondendo.
Perguntei a todos e em todos os lugares.
Onde eu acho o amor?!
Perguntei a uma senhora sentada em um banco.
Cabelos brancos, pele enrugada, olhar vivido.
“Minha senhora, me diga, onde eu acho o amor?!”
Ela olhou pra mim. Olhou em mim.
“O amor?! O meu, eu encontro no cémiterio, junto a flores e incensos. Porque meu amor já se foi. O seu, eu não sei”
O amor dela já se foi
Saí frustrada
Vi um homem sair correndo de um prédio.
Bem vestido, gravata, sapato lustroso.
O interpelei com agonia nos olhos
“Senhor, ei senhor. Me diga, onde acho o amor?!”
Ele me olhou rapidamente, e falou correndo
“Minha querida, o meu amor é meu trabalho. O seu, eu não sei”
Ensandecida corri e corri
Sem me dar conta, me encontrei em um cabaré
Uma das mulheres olhou pra mim e ofereceu seus serviços
O cheiro de cigarros e sexo me subiu a cabeça e com dificuldade perguntei:
“Moça, onde acho o amor?”
Ela, com os lábios muito carmim, riu e disse:
“O amor?! Você acha amor aqui em todos os cantos, é só dizer o preço que achamos amor do jeito que você quiser. Qual tipo de amor você quer?”
Saí dalí com lágrimas nos olhos
Andei mais
Cheguei em uma praça. Cheia de crianças.
Uma brincava com uma peteca, fui ao seu encontro
“Criança, onde eu acho o amor?”
Mas ela fugiu de mim, com medo nos olhos
Passei desorientada por ruas e árvores.
Dei com uma porta em minha frente
Abri
Era uma igreja
O padre ao fundo, apagava as velas. O último fiel se retirava enrolado em seus panos, para enfrentar a noite gélida lá fora.
Olhei enviezada para o padre e o questionei.
“Padre, me diga, onde acho o amor?”
Ele me olhou calmamente, daquele jeito que só os padres sabem fazer.
De um jeito que parece que você fez algo errado.
“O amor?! Eu encontro o amor nessas paredes, nesse lugar, nas pessoas que vem aqui. O seu amor, esse eu não sei.”
Fugi daquele lugar e me atirei na noite escura
Ruas. Calçadas. Pessoas. Casas.
Passei por tudo, mas não vi nada
Senti meu peito arfar, mas não podia parar
Chorava. Por que eu chorava?! Não sei
Corri até não aguentar mais. E gritei.
Gritei para aquela noite escura e suja. Para o nada.
“ONDE ESTÁ O AMOR?!”
Um segundo. Dois segundos. Trés.
Silêncio. O vazio em resposta.
Virei as costas
Ouvi algo. Me virei. Não era nada.
Voltei para minha casa vazia desesperada. Frustada. Destruida.
Possei minha cabeça no traveseiro e pensei em tudo
Existem várias formas de amar. Vários tipos de amor. Isso eu descobri.
Mas.. onde EU acho o amor..?!
Um vento forte balançou a janela e enredeu meus cabelos
Junto com o vento um som
Não sabia o que era, apenas observei.
O silêncio se quebrou e a noite me trouxe a resposta
Um sussuro em meus ouvidos me dizia coisas
O vento me disse coisas
Não procure pelo amor. Ele é fugidio e caprichoso. Vai onde quer...
Não procure pelo amor, porque o amor que vai ao seu encontro...
Respirei fundo e depois de muitas noites em claro, dormi
Meu corpo por fim não estava inquieto
Minha mente sim, essa estava em movimento
Dormi com a resposta que muitos procuram
E que poucos conseguem achar.
Tranquila. Em paz
Mas num último momento, antes do sono, pensei
Ainda assim, vou sair louca no mundo...
... em busca de amar...

(Dalila Cristina 12/12/2011)

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