sábado, 12 de janeiro de 2013

Gotículas que transcendem o dia



É chuva há dias anunciada
caindo desmedida, livre
entre o cheiro frio da terra
entre o telhado lascado pelas gotas
entre a antítese do molhar e do se esconder entre cobertas
aberta, escancarada, sem posse, flutua absorta, a mente em delírios
a resposta corpórea é suspiro, que é levado enquanto a água lava o tempo e o absurdo
chuva leve, sulcando a face da terra, o rosto do meu ermo
gotículas que transcendem a luminosidade do dia
cristalinas e serenas, transbordando um véu de lagrimas
pois são como pequenas estrelas solitárias
que caem do céu para beijar as faces dos homens
chuvas translúcidas e embriagantes
que encharcam o corpo dos amantes
ainda a revelarem-se
que molha e lava
a terra, a cara do ser
que enxota a guerra nascida da fúria
e desliza suave pelo chão ao encontro de águas mais profundas
além mar

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