sexta-feira, 1 de março de 2013
A dor de outra pessoa
Eu senti a dor daquele homem
que me é tão desconhecido como cúmplice do sofrer
quando céus e ventos, meus olhos em mira
passo a passo ele vinha como vem nunca sempre
se presente já esteve, o mesmo que nada
mas o olhar descaído para além do chão
o cantar descantado do pé arrastado em expressão
crua, tua e minha, e a míngua, a gente seguia
em tantas filosofias que abraçariam o céu,
abarcariam o ego,
música silenciosa no fone de ouvido
no rangido da bota que se desgasta no atrito com o asfalto
no trato do 'asfixo', é nele que eu fito
suave derrocada ao sumário castigo 'antropologomorfizado'
Era eu ser; hoje, nem ser sei
sem querer dizer: sendo
o mundo mudou seu eixo de rotação
abdicou do abdômen
devorou o que me consome
quando eu senti a dor daquele homem
André Café
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