Saudade. Não estamos perto. Não somos mais como antes. O meu relógio parou, o dia é longo demais, as noites não me clareiam. Saudade. De te sentir. Pertencer. Sobreviver. Ficar junto, nós. Saudade de sentir que as suas coisas ainda me pertenciam. O que é estranho, porque é aquela saudade que avisa que o fim está chegando. Eu fique em sobreaviso. Cada vez me ligava menos, se afastava mais, usava desculpas que não desciam goela abaixo. Vai ser difícil conviver com essa sensação de abandono. Precaução. Te perder.
Eu não dei motivo, não fiz nada de errado, não tive culpa. Apenas aconteceu, Essa saudade que ainda hoje me acompanha é aquela saudade que a mulher sente pelo marido quando ele sai de casa para trabalhar e demora um pouquinho para voltar. É a saudade que o marido sente da mulher quando ela se atrasa meia hora para chegar. É a saudade de quando os amantes se amam e depois dos corpos recolhidos na cama, cansados, viram um pra lá e o outro para cá. É a saudade da menina que passou a manhã na escola e chega em casa dando aquele abraço na mãe. É aquela saudade do casal de velhinhos que não se tocam como antigamente. É aquela saudade de ir e que acaba quando voltar. É aquela saudade que ainda cabia entre os nossos corpos quando a gente se abraçava e era nessa hora que eu apertava-lhe junto a mim mais um pouquinho.
Saudade. Solidão. Carência. Os outros estão em minha volta e eu não enxergo, me olham. Não há nada parecido com você. Medo. Não tenho coragem de te procurar. Insegurança. Você saiu. Estou presa. Sem saída. Foi embora. Eu fiquei. Estagnada. Ponto zero. Saudade. Saudosista de você. Falta. Solidão. Eu. Só
(Rosseane Ribeiro)
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