terça-feira, 24 de novembro de 2015

Desviver


Novembro; o ano; a existência
o planeta dentro de mim ...
poderia num sonho de quimera,
simplesmente sumir?
Acabar, obliterar-se de dentro pra fora?
Exaurir a última queima de oxigênio,
findar-se sem deixar vestígio?
Como se eu nem tivesse passado,
história, lembrança, amores
Novembro, tu me dói a alma;
pela marca do tiro certeiro,
do meu próprio punho oscilante
Para quê dezembro? Por que insistir?
O sentimento comum de recomeço,
de um novo ciclo ao fim do ano,
não surgirá, não terá efeito,
não iniciará nada, nem tudo,
Acabe aqui, em silêncio,
antes mesmo de alem do fim,
antes da minha vontade de desviver;
Apague rapidamente, para não ter riscos,
de nenhum rabisco meu, em memória;
Até que pare o pêndulo,
o tempo descanse,
e eu possa perecer,
sem lastro, sem rastro, nem rosto
encerrando o sufoco, o tormento,
sem arestas, lapidações e medos
deixa-me mais cedo,
ser um vasto esquecimento

André Café

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