terça-feira, 3 de novembro de 2015

O Sabor da Liberdade


Uma sensação obscura invade-me.
Entre celas, a opressão da liberdade.
No olhar o grito de socorro dos encarcerados.
Em meio a um ambiente fétido, a esperança ligeiramente surge.
Os indivíduos ali confinados tristemente narram a sua realidade.
Jovens, idosos, mulheres sentem na pele a "justiça" humana.
Os agentes carcerários esboçam uma expressão de superioridade.
O Judiciário decreta e homologa a sentença.
Estão pagando o erro, com a privação da liberdade. Essa é a solução?
Em uma visita para coleta de material biológico, pude sentir na pele os efeitos da prisão.
Um jovem olhou nos meus olhos e disse: "Que bom que você veio, não queria sentir o gosto da liberdade".
Em uma cela ao lado, outro jovem meneou com a cabeça, dizendo: "Quando saímos, somos humilhados. As algemas e a própria viatura policial nos crucifica como bandidos, marginais, monstros".
"Ninguém vê a possibilidade da mudança. Todos querem julgar!".
Meu coração em prantos instigava-me a perguntar a mim mesmo: Como poderia ajudar, o que fazer?
Em uma pequena cela, um grupo de indivíduos, que por infringir as leis humanas foram exilados do contexto social.
Mas quem são os condenados? Quem são os condenadores?
A solução é o aprisionamento, ou a reeducação?
É chegada a hora da revisão de todas as estruturas instituídas para a vigente ordem da vida social humana.
O primitivismo deve ser banido da nossa perspectiva intelectual e filosófica.
Progredimos, mas arrastamos a origem instintiva até os dias atuais.
Muitas das nossas atitudes são difundidas de forma irracional.
O materialismo de conluio com o egoísmo fecunda o autoritarismo que dita as regras humanas.
Existe um universo desconhecido à nossa volta, não podemos morrer nas profundezas da incompreensão de uma razão tola.

Dhiogo J. Caetano

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