segunda-feira, 16 de maio de 2011
A indelével tragédia do ser em ser
Ao ponto em que alcancei as rédeas da desordem
levo-me lentamente em um segundo ao caos
por via de me perder gratuitamente no lodo
nascido do ego das minhas próprias iniquidades
Todo marcado por causas invisíveis
pois não ver, permite não sentir
a essência do afetar inversamente
sobre a égide mesquinha, pomposa de ser
No estalado ouvinte ensurdeço
ao passar das botas sobre as faces
e quando a origem o sangue derrama
tingindo pra frente o coturno
Insesato caminhar, que nos leva a crer
nessa divindade e certeza de supremacia
que se faz um todo, mas alma vazia
humano é o passado do que se segue
Há um norte estremecido entre os escombros
carregado de carinho e permissão
mas se ruma, indelével ao posfácio
da derrocada da carne perante a própria carne
Não se esquiva a humanidade
do torpor que a espreita
pois tomada da desfeita
desafia a própria condição de ser
Caminhamos portanto na rua amalgamados
E pra trás a lembrança boa de fim de tarde
sem medo, terror ou maldade
alegria em momentos eternizados
As vozes que se repetem soam agora baixinho
não se volta mais ao respirar
aponta meu nariz pra um não lugar
do desenredo calcado descaminho
(André Café)
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