segunda-feira, 16 de maio de 2011

Refração















Ciladas crestadas em meu peito.
Uma dor distinta (tal qual fora extinta)
Uma estaca, algo como um vestígio de saudade,
Que já não cabe no meu íntimo mausoléu de acinte
Algo que me transporta e lembra o tempo de criança

A vida já delisza desde a lembrnaça do último cântico alforal,
Da última fungada do cachimbo que paira sobre a área:
A imagem de uma neve cinzenta cobrindo as casas

É temer gente debruçada na ladeira conducente;
Ao fim do fio sem capa da casa dos varais, uma muralha;
Uma corrida, enfim, uma aquarela de corpos tostados;
Ciranda de pipas de asas abertas para voar o vôo rasasnte

Começa a caça alçada
As fauces estendidas revelam o que não era percebido
A correr no chão quente, queimando, a rala pelo do pé reclama;
Sofrendo com o sol que queima e que dói ardente de repente

E ele torna tudo amarelo e dá lugar à negra pincelada;
Que suor, que nada, o corpo esfria ao menor sinal de água
Encontra com brisa do fim de dia, uma não aliada

A água esquecida anestesia a calçada branda e quente,
Sem mais sequer um pingo d'água,
Santo abençoado diaparador de alegrias,
A festa já levanta a poeira no final da tarde

Tensão, o pé que toc o chão é o mesmo que padece sujo
No balaio das redes rendadas dos irmão coniventes
Já não se fala mais nada
O descanso do corpo é sagrado

E lá fora, aquela mesma brisa que rodeia a saia
Vê as pedras rolarem a cada dia,
Dando lugar ao asfalto rico e execrável

(Emanuely Costa)

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