quinta-feira, 21 de julho de 2011

Pesado sonho



Depois de um grave pesadelo eu acordo tateando meu peito na busca de certificar se meu coração ainda batia comigo. É que o susto do sonho deixou-me bêbada e confusa com tanta agonia. Achei que a ilusão ao acordar pudesse concretizar-se. Foi quase real, mas não machuquei a parte sólida que ainda me rege.
Sonhei que aquele moço roubava meu coração e prendia-me debaixo de suas armas: suas mãos. Estávamos em um lugar muito iluminado, uma espécie de sala branca. Eu estava de costas para ele até o momento em que ele entra pela janela e ata-me, prende-me entre tuas pernas e confessa com uma voz pesada e longa: - “Eu não te espero mais!” Pude sentir sua vontade e sua maldade em grandes arrepios, mas de perto pareciam ser o frio. Ele puxava e guardava-me pra si como um objeto há muito tempo espiado e desejado. Era nítido meu desespero e minha confusão mental. Fiquei em pânico. E eu repetia em tom alto: “-  Por favor, deixe-m! Seja um homem simples. Eu não sou quem você quer. Solte-me. Deixe-me. DEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEIXE-Me!  Mas todos os movimentos e as vozes eram em vão. Ele estava gostando de me ouvir pedir a ele a minha liberdade. Deixávamos o a sala branca. Meus passos manchados de sangue ficaram para quem quisesse saber.
Eu não queria que aquele moço arrastasse e levasse-me embora. Lá para fora onde o seu mal pudesse dominar minha inocência. Posso descrever com perfeição a face que nele se construía. Seus olhos vivos e vermelhos apontavam para minha existência. Suas mãos pareciam insaciáveis e ele tinha um corpo inquieto. Deixávamos o a sala branca. Meus passos manchados de sangue ficaram para quem quisesse saber. Ele queria-me em  sacrifício. Ele queria roubar meu coração sem que eu percebesse e pudesse impedi-lo. Tudo aconteceu, mas eu acordei no final.
Acordei. UFA! Meus olhos quase saltaram ao ver a verdadeira luz do mundo. Senti meus pés no chão e toquei o lençol que estava molhado de suor. Caminhei pela casa inteira. Sentia a mesa. Deitava no sofá. Escondia-me atrás das cortinas da sala. Andava percorrendo o espaço com a desculpa de procurar qualquer desconhecido. Estava tonta, confusa e com medo de qualquer sombra de objeto que pudesse me alcançar. Eu queria sentir-me viva, intacta, serena. Queria ouvir meu coração com a lentidão dos ponteiros. Só tive certeza de que era um pesadelo quando vi o sol e passei as mãos entre os cabelos. Pronto! Sou a mesma de ontem!

(Rosseane Ribeiro)

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