quarta-feira, 27 de julho de 2011

Anjo da morte


A ode que me leva ao fim
entoa todas reinações
descanso que chega enfim
com cravos, lírios, jasmins 
perfuma as conclusões


E então? valeu-me o viver?
diante de contradições
querer sorrir e sofrer
querer gritar, não dizer
atado em meras razões


Outrora a morte temia
mas eis que de reflexões
passados tantos dias
afoga-me a nostalgia
esfolam-me as emoções


torpor te vejo infinito!
ao anjo da morte me ponho
retira-me do existo
transforma-me em mito
faz desta vida, um sonho


Mas sonho diante da imagem
e os olhos, com os pés no chão
respira, refaz a viagem
de séculos, que se fez passagem
num pulsar do coração


misto de alívio e agonia
recalcam o velho cansado
pode ser que exista alegria
no nascer do próximo dia
e destrua todo o passado




(André Café)

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