terça-feira, 26 de julho de 2011

Por amor


Num líquido disperso;
numa agonia espalhada,
imerso.
Deixo-me apodrecerem as horas,
os dias, os anos.
Deixo-me doerem as carnes mortas,
sensíveis a navalhadas
gri-tan-tes!
Deixo putrefarem-se as cerâmicas
da minha vida de nogueira,
que somente minha carne insana,
sensível e morta;
defunta e doída;
pode merecer-se.
A ninguém mais,
porque só o que sabem de mim
são os erros;
porque só o que crêem de mim,
são os vacilos;
porque a vida dos outros eu não julgo.
Por que a minha é ré?
Com isso eu não lido.
E se, ainda, alguém a ela merecer,
que o faça de repente;
que o faça pelo que jamais me ensinaram,
pelo que jamais me doaram:
que o faça por amor;
que o faça por amor.

(Junior Magrafil)

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