desde muito criança aprendi que fantasiar deixa um gosto de frustração na boca e um cheiro de vontade abafada na pele. quer dizer, aprendi?
fato é que o tempo passa, o corpo dá seus sinais de desgaste e você continua ali, fantasiando. por essas e outras, sinto raiva da paciência, da ponderação e da razão que não se casa com a emoção. não admito que me peçam calma depois de 24 anos de voltas em círculos.
tenho pressa. e não é por medo da morte não. é por medo da vida. da vida que perde encanto quando a gente olha pra trás e vê que não fez nem décima parte do que se planejou ou sonhou ou fantasiou fazer.
eu quero mesmo é ver gente. sentir seus cheiros, de perfume, de cerveja, de pele, de cigarro, de noite. quero ficar numa corda bamba, tentado me equilibrar com algumas incontáveis doses de álcool nas veias. quero não ter hora pra voltar, perder as chaves em algum lugar e acordar com minhas sandálias nas mãos. quero nem saber que dia é e ouvir histórias absurdas da noite passada até não mais duvidar do tanto de bem que a embriaguez me faz. antes, quero uma embriaguez compartilhada, sentida, celebrada, nua, excitada, gozada, orgástica, e de novo, e de novo e de novo.
quero carregar na roupa as marcas do despudor e ver o sol nascer no meio da rua, no topo do prédio mais alto da cidade, ou no banco da praça onde vagabundamente deitei meu deleite de alma sedenta de corpos. eu prefiro a vadiagem da liberdade ao choro desolado do nome de moça, menina ou mulher que, atemporalmente, me foi tatuado. eu quero, no vento da noite, esparramar desejos, na pele colecionar beijos, nos dedos inquietos conduzir a rendição, nos pés bêbados perfazer os passos trôpegos do descontrole e do prazer.
quero da ressaca só a saudade. do espelho, o reflexo da libertinagem. da alma, a leveza. dos sorrisos, a multiplicação. da vida, o sabor de ser gente, de mente, de pele, de hormônio e carne, que se entrega e se enrijece e dança e se desgoverna.
das minhas querências sobra nem o medo da repressão. sobra é o desprezo pela censura e pela decepção da espera. quero mais não.é preciso peito pra encarar a solidão e ganhar a briga. tenho dois. além da vontade irresistível de ser do mundo, de recuperar do tempo o que meu corpo chama de meu.
eu quero tudo. eu quero muito. e eu quero agora.
(Juliana de Andrade Marreiros)
fato é que o tempo passa, o corpo dá seus sinais de desgaste e você continua ali, fantasiando. por essas e outras, sinto raiva da paciência, da ponderação e da razão que não se casa com a emoção. não admito que me peçam calma depois de 24 anos de voltas em círculos.
tenho pressa. e não é por medo da morte não. é por medo da vida. da vida que perde encanto quando a gente olha pra trás e vê que não fez nem décima parte do que se planejou ou sonhou ou fantasiou fazer.
eu quero mesmo é ver gente. sentir seus cheiros, de perfume, de cerveja, de pele, de cigarro, de noite. quero ficar numa corda bamba, tentado me equilibrar com algumas incontáveis doses de álcool nas veias. quero não ter hora pra voltar, perder as chaves em algum lugar e acordar com minhas sandálias nas mãos. quero nem saber que dia é e ouvir histórias absurdas da noite passada até não mais duvidar do tanto de bem que a embriaguez me faz. antes, quero uma embriaguez compartilhada, sentida, celebrada, nua, excitada, gozada, orgástica, e de novo, e de novo e de novo.
quero carregar na roupa as marcas do despudor e ver o sol nascer no meio da rua, no topo do prédio mais alto da cidade, ou no banco da praça onde vagabundamente deitei meu deleite de alma sedenta de corpos. eu prefiro a vadiagem da liberdade ao choro desolado do nome de moça, menina ou mulher que, atemporalmente, me foi tatuado. eu quero, no vento da noite, esparramar desejos, na pele colecionar beijos, nos dedos inquietos conduzir a rendição, nos pés bêbados perfazer os passos trôpegos do descontrole e do prazer.
quero da ressaca só a saudade. do espelho, o reflexo da libertinagem. da alma, a leveza. dos sorrisos, a multiplicação. da vida, o sabor de ser gente, de mente, de pele, de hormônio e carne, que se entrega e se enrijece e dança e se desgoverna.
das minhas querências sobra nem o medo da repressão. sobra é o desprezo pela censura e pela decepção da espera. quero mais não.é preciso peito pra encarar a solidão e ganhar a briga. tenho dois. além da vontade irresistível de ser do mundo, de recuperar do tempo o que meu corpo chama de meu.
eu quero tudo. eu quero muito. e eu quero agora.
(Juliana de Andrade Marreiros)
Affs!
ResponderExcluirÀs vezes a gente cansa dessa moral herdada, moral que a gente nem sabe quanto que é realmente nossa e quanto que é realmente imposta. Ai, de nós mulheres!
Bjo,Ju!
Caralho!Arrepiante!
ResponderExcluirmuito bom, seguro e deveras saboroso de se ler parabéns! o texto flui a vida e os caminhos que a personagem/autora escolheu seguir e lutar
ResponderExcluirque texto massa do caralho! o blog precisa de textos como esse, no minimo, uma vez por mes! Parabéns
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