terça-feira, 26 de julho de 2011

1989


A nênia vibra com a minha morte
enquanto sofre, pasmadamente, minh'alma
distorcida pela vontade de voltar sem poder,
pois a carne dói a cada instante.

No velório não há café, nem croissant;
talvez aquela insanidade sonhada com vermes,
impregnando o interior dos tecidos.
Talvez algum Johnny Walker ou Martine Rose.

Apodrecendo as energias consumidas,
fazendo morrerem-se, degradarem-se;
e tudo que sentia era a sinfonia do enterro,
pulsando em cada ventre miserável.

Meus sonhos não se encaixam ao prêt-à-porter,
já os pesadelos, são veste constante:
são puros de naturalidade vil para entristecer
são mais que compilantes vômitos indigestivos.

É a melodia dos enterros eternos,
na desistência desfraldada, na agonia;
durante o desfecho das relações ida-vinda
de uma alma que, ser, ambiciona renascida.

(Júnior Magrafil)

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