terça-feira, 2 de agosto de 2011

Filha do mundo


As forças naturais desse mundo sujo  elevam-me ao alto dos sonhos e traem-me no chão. Escondem de mim meus escudos e protegem-me do escuro de alguns olhos. Torço para que ele dê-me forças para pular os buracos da dor e ingerir o sangue dos erros.
   Posso tentar olhar a noite, caminhar sob a areia molhada e  sei que vou sentir a mesma sensação: ea de que estou pronta para correr sobre brasas e sair ilesa. Mas eu não penso só nisso. Estou desconfiada dos poderes da terra. Dos errantes, retirantes, desses que não valem nada e querem sempre discutir sobre a realidade. Posso chegar mais perto dessa sujeira e envolver-me com o amargo da existência. O mundo ainda protege-me...
A noite me despreza.  Quer me expulsar para seu sacrifício. Mas eu sei que o céu segura o seu brilho para não me afogar em ilusões, pois a beleza disfarça o medo do perigo; O vento controla, implora e arrasta-me para a sombra, onde estarei escondida dos olhos de sangue, pessoas que perseguem as inocências por uma simples conseqüência: qualquer uma; A chuva tapa meus olhos das destruições, do caos humano, do abandono e de todo o resto de mundo que gira ao meu redor, derretendo em sangue.
Não me importaria em juntar os cacos dos errantes desse fio que hoje fazem-se em uma biologia que não determina os cuidados com os outros.  Mas eu não tenho muita paciência de ficar por aí gritando por clemência. Posso abaixar-me até o chão, catando os desesperos, sofrimento.
Sobreviveria a esse mar de destruições, mas lavando as mãos com as lágrimas deixadas para sentir a frieza das dores. Agora, preciso correr das feiticeiras. Minha proteção pode cair até o cais da madrugada em que eu renasço todo dia.

(Rosseane Ribeiro)

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