segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Ao fim de nós dois


(Mundo estranho, 02 de set, de 1976)

Oi,

Sabe, estou olhando para sua camisa branca de rock inglês. Estou brava com o nosso cachorro. Acho que já aprendi a falar francês. O sol é o mesmo, e brilha para nós, de uma vez. Cheguei da viagem, não te esperei. Aceitei que era o fim. Esqueci de avisar que tinha deixado um aviso na cama, em 1963.Ainda estou aqui pensando o que fazer com a minha vontade de não fazer você saber o quão eu te quero bem. Vou começar, mas não se canse de entender, que o que eu digo é melhor que não ter. Espero que encontres outro alguém, que te ensine o valor de um sorriso à frente, ao lado, seu...! Um alguém que vai olhar e beijar-te com a maciez das rosas, do tipo que: Vai te querer de um jeito que ninguém jamais soube aproveitar, por muito ter e querer. Contar verdades em um abraço; Acariciar a pele, roubando todo o seu calor, fazendo tatuagens de arrepios, traduzidos em cor e sabor. Alguém que te faça amar direito. Alguém que te faça chorar, e que ao fazer descer suas lágrimas, deixe-as cair por uma vez e nada mais. Talvez valha a pena achar que era bom, mas se perdeu. E se fizer em hábito é sofrimento.

Não é que eu queira me esconder. Eu só quero que você não saiba o quanto eu quis esquecer, mas não dá. Eu preciso te contar e dispensar essa vontade de te encontrar. Eu quero que você não me espere; que você canse disso; que me perdoe por não voltar. Essa carta vai te fazer lembrar das verdades que você não acreditava. Fiz nas estradas por onde andei.

Não é que eu não queira amar, é que eu não quero o seu amor aqui. Não serve, é temido, devagar, tem cheiro de abandono, é pequeno demais. E eu quero é paz, e disso eu sei cuidar. Eu quero que você nunca esqueça que há uma forma de amar para toda maneira de esconder que não se quer amar. Mas não sou eu.

Lembro daquele tempo como condição para sobreviver. Entenda, eu só quero ficar só, e isso te exclui da minha forma de amar.

Beijo, senhor

(Rosseane)

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