quarta-feira, 30 de novembro de 2011
À ESPERA DO ÔNIBUS
Faltavam dez minutos para o meio dia e Teresina era mais um sol a brilhar. Maria estava na parada, esperando. Chegara cinco minutos atrasada e sentiu a vida adiar mais trinta. O sangue ferveu e já não era o calor. Maria era metódica. E se o dia começava errado não terminaria melhor. O que faz uma pessoa na parada a não ser esperar? Olhou em volta e viu que não era a única. Alguns inclusive pareciam estar a muito tempo ali. E isso não a reconfortava. Nada reconforta a perda, pensava. “O todo sem a parte não é o todo”. Sua mente funcionava sem parar em momentos de espera. Era uma forma de preencher o vazio. Lembrou das vezes em que esperou em vão. O que espera a pessoa que espera? Se de início pareceu calma, do meio pro final era pura angústia. E nesse aguardar passa a vida. Não gostava da resignação. Queria a ação. Mesmo que não fosse de todo ativa. Muitos esperam a solução vir de fora, pensou. Olhou para o lado e viu seu ônibus dobrar a esquina. Chegaria meia hora atrasada para encontrar seu amigo. Mas nada que ele não pudesse esperar.
Nadja Lopes
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