quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Herança
Deixo meu sorriso
e que mesmo espontâneo,
seja distinto na memória
Deixo minha voz
tão carregada, atestando
a lágrima tão iminente
Deixo minha lágrima,
não espontânea, entretanto,
mais distinta na memória
que um sorriso,
Deixo meu perfume
impregnado no tecido teu
que nas tardes ao vento
gravou o cheiro meu
no teu pensamento
E não é desejo meu ser visto partir
na hesitação do destino
não é desejo meu ser tão visto
porque o silêncio me inspira a ouvir-me,
tão distante dos sorrisos óbvios
detenho-me na alvenaria da história
pois é isso que me cabe deixar
Essa é minha herança,
o sonho vivido e aperfeiçoado,
sem tanto parnasianismo,
mas com o que hoje eu chamo de amor
pra que minha pedra envelheça neste mórbido muro,
o muro da história.
Neemyas Kerr
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