Os estreitos laços ligando a música à pintura e à literatura, durante o romantismo, levaram compositores a terem um vivo interesse pela música programática - a música que “conta uma história ou, de certo modo, é descritiva, evocando imagens na mente do ouvinte”. (A música destituída dessa intenção, composta para ser apreciada unicamente pelo que é, tem o nome de música pura ou absoluta). Há três tipos principais de música programática (descritiva) orquestral: a sinfonia descritiva, a abertura de concerto e o poema sinfônico.
O poema sinfônico é uma obra para orquestra em um só movimento e também de sentido descritivo, mas geralmente mais longa e de construção mais livre, foi criado pelo compositor húngaro Franz Liszt. A concepção de Liszt era de que, em um poema sinfônico, a música tiraria sua forma do padrão das idéias ou eventos que a engendraram. Para trazer unidade à obra, ele usou o que chamava de transformação temática. Essa expressão pomposa significa apenas que um tema básico é recorrente por toda a peça, mas em contínua transformação, de caráter e de espírito, de modo a corresponder a cada situação
Em suma o poema sinfônico é uma obra de caráter musical baseada em um poema ou texto literário. Em geral, escrito em forma de sinfonia, em um só ato, para ser executada por uma orquestra. O autor procura descrever sentimentos e despertar emoções advindas da obra em que ele se baseia.
Liszt compôs treze poemas sinfônicos, dentre os quais Tasso, Les Preludes e Mazeppa (todos baseados em poemas); Hamlet e Orpheus.
Poema Sinfónico Nº 6 "Mazeppa" - Franz Liszt
O sexto poema sinfônico, Mazeppa, foi composto em 1851. Conta a história da vida da personagem homónima, Ivan Mazepa, um sedutor de uma nobre dama da Polônia que foi amarrado nu a um cavalo selvagem, que o transportou até à Ucrânia. Aí os cossacos libertaram-no e fizeram dele o seu hetman.
A mesma personagem tinha inspirado Victor Hugo em Les Orientales e Lord Byron. A peça foi estreada no Teatro da Corte de Weimar em 16 de abril de 1854, e a instrumentalização é de Joachim Raff.
O compositor seguiu a narrativa huguiana para descrever a cavalgada do herói através das imensas estepes no primeiro andamento. As cordas abordam o tema principal, que se transforma e distorce com seis batidas dos timbales, que evocam a queda do cavaleiro. Após um silêncio, as cordas, o fagote e uma trompa solo traduzem o estupor do acidentado, ressuscitado pelos trompetes em Allegro marziale. Os cossacos colocam Mazeppa à frente do seu exército (ouve-se uma marcha) e o tema do herói desdobra-se para concluir em glória. O tempo de execução é de cerca de 13 minutos.
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