terça-feira, 17 de julho de 2012

 Gustav Klimt- O beijo.


Blusa vermelha. Era de renda, quase cobrindo tudo o que aqueles olhos bonitos queriam ver...ter... ser... Noite mais escura que o normal. E eu queria vê-lo mais do que o normal. Quando vi aquele corpo viril, o paraíso tinha descido à terra. Era isso o que eu sentia quando tive seus lábios tocando vagarosamente nos meus- Eu estava no paraíso-.
E foi. Com a mão na cintura, foi. A mão no cabelo preto, liso, enorme, com cheiro amargo, sobrevivia a noite da melhor dança- dele e minha também-.
Ah, as suas mãos. As suas mãos eram habilidosas, respeitosas. Ah,o seu cheiro. Até parece que eu nunca tinha sentido aquele beijo antes, aquele cheiro antes, aquele corpo antes.
Éramos um; Éramos inteiramente nossos. E o resto do mundo lá fora não importava mais.
Dançamos na cama, no corredor, na esquina que a a lua de prata vigiava. Tomamos vinho, quisemos novamente. Parecia que o amor não se acabava mais.
O prazer veio. Veio junto, quente, bom. Nós ali, quentinhos, cobertos de pele um do outro. Você... Meu Deus você estava tão bem. Me fez tão bem. Teu rosto moreno, suado, quase cansado. Teu corpo moreno me acompanhava num quase sono.
Nossa! Quase nem lembro das conversas sobre a arquitetura de igrejas, da política do Rio de Janeiro, das negras que moram no Gueto. Teu jeito nunca mudou. Você não mudou. E eu sentia saudade até por não te conhecer antes.
Na hora de partir eu quase chorei. Senti uma vontade enorme de chorar, mas não chorava. Sentia e não sabia porque não chorava. E você sorriu de volta. Vi suas mãos procurando consolo no pescoço, coxa, cabelos; No beijo, no cheiro, até no ato de respirar. Ria de prazer quando ouvia que era pra continuar. Que não podia parar de amar tão bem assim. Ali. Aqui. Em qualquer lugar que coubesse nós dois. E eu ri quando percebi que só gosto de dançar com você. E te beijava, e ria mesmo assim. E te fazia qualquer coisa pra que depois você não fosse embora.
-Foi bom?
E eu ri de volta.

(Rosseane Ribeiro)

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