terça-feira, 5 de julho de 2011

Inexistir




Então por que existir mesmo?
da couraça ríspida e metalizada dos corações humanos, 
nada se transmite senão o desprezo e a soberba


E eis que se fez o desuso da humildade
a prevalência da realeza
a incerteza de um bom amor


Eu sou a pompa, eu sou o meio
Até a terra ou o fogo te consumir
e sua passagem com os pés no céu
fora meramente de figurante
Ser andante movido pelo vazio das almas
embriagado pelo descaso de vitrines
onde se percebe o reflexo da incerteza
da condição não humana de existência


Eu te amo, mas você abnega-se a amar
Eu cuido de você, mas você insiste em descuidar
Eu te levo pra roda, mas você sempre a desenrolar
Eu me disperso e me projeto atacado pelo receio
você fora do ar, mergulhada em devaneio


Pra quê existir? O que eu tenho a oferecer ao mundo
é o profundo, mas raso caiado no ralo do esquecimento


(André Café)



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