segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Bons Ares



Descobri que a revolução tem cheiro:
não de spray entorpecente,
lançado pelas mãos automáticas do serviçal.
Nem tem cheiro de intransigência,
da indiferença de quem pensa que pode
esquecer que o rei na barriga já nasceu:
está nas ruas.
O cheiro da mudança caminha sem passos marcados,
dissemina-se com tamanha sede de expansão
que não tem barreiras assépticas que o segurem.
É no pneu queimado em vias populares,
é no ônibus destruído, efeito colateral da luta,
é no suor de cada indivíduo
que acreditou na força de seus atos,
que gritou "I have the power" ao meio-dia,
que ouviu Índios em brados emocionados.
Assim, a cidade, que já se preparava
para receber o duro golpe de suposta onipotência,
de quem pensa ditar normas de conduta,
pôde enfim respirar aliviada outros ventos.

(Jorge André)

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