sexta-feira, 11 de março de 2011
Atira-me bem no meio
De como fiquei assim, nem mesmo sei, não registrou-se
mas todavia qualquer justificativa retoma-se ao contraditório
seria nem melhor dizer, como também melhor seria não sentir
de como me percebo alheio, solitário, feio, abnegado da felicidade
Alheio aos tempos que me vejo obsoleto; solitário pela morbidez
e da necessidade contínua do calor humano;
feio, sim, por descuido e pela incapacidade de conquista
abnegado pela própria convicção de não conseguir
seguir, pelos descaminhos que enaltecem as fugas
mas que meu corpo refuga, no réquiem desafinado
ao avesso por coptação do consciente que opera insistente
ao juízo desavisado da localização do amor
é ... depois que ela foi embora o manto de estima
anima as minhas dores, que riem em sobressalto
de assalto eu tombei bem no meio do cortejo
em que vejo levado meu corpo em paz
(André Café)
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