segunda-feira, 7 de março de 2011

Uma história de ida




Um homem joga as frutas que possui
pela porta de trás do ônibus
cheio de almas meio-vivas.
Ninguém o ajuda.
Aos olhos dos demais o homem parece invisível.
Com força de homem trabalhador,
finge não notar isso e nem tão pouco se sente mal.
Vai ao fundo do ônibus , transporte de almas meio-vivas,
e com todo o carinho de homem recolhe as suas filhas frutas.
Logo depois do homem invisível
adentra no meio das almas meio-vivas,
uma mulher:
-Sou surda de nascença!
Pede socorro de 25, 50,1,2,3 reais num papel desbotado.
Estende a mão pelas almas meio-vivas quase iguais a ela.
Um senhor quase nada meio - vivo ignora-a como a um bicho qualquer.
O ônibus prossegue seu percurso que leva ao meu destino.
Encontro um amigo.
Falamos de vida,
de coisas legais,
de pessoas que não são mais as mesmas,
da maneira como vemos a vida agora,
das coisas que fazemos,
e de pessoas ,
e de como gostamos das pessoas.
O pouco tempo que tinha pra conversar se esgotou.
Saí caminhando contra o tempo,
contra o vento,
contra as outras pessoas com destinos contrários ao meu.
O tempo contra mim.
E fui tocar as coisas da vida que muitas vezes são totalmente sem ritmo.

(Iúna Gabriela)

2 comentários:

  1. A elas

    no útero da vida
    meninas nuas vestem prazer
    calçam desejo
    brincam de amar
    inventam sonhos
    e trazem, no peito,
    o peso das noites mal dormidas.

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  2. Gostaria de concorrer aos livros.

    Grato,

    JoséReis.

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