sábado, 12 de março de 2011
Terceiro andar
Uma sala no lugar de sempre, com uma mesa de jantar que além de não comestível é incapaz de digerir os pormenores cotidianos.
Uma cozinha com mármores mudos, panelas histéricas e acreditem: copos vazios.
Corre [a] dor.
Corre.
O quarto (o todo da parte) com paredes sem ouvidos ou lembranças... é lá onde as coisas se perdem. A janela não escapa à forma de vitrine e quando o silêncio grita por voltas das 3h da madrugada o alarme de vidro quebrado não toca.A cama (que parte o todo com fronhas secas de pranto) tem a cabeceira enfeitada por sonhos pueris e um colchão que não se deixa enfeitar nem pelas criaturas de fábula ditadas pela voz materna de outros tempos.
O banheiro, o espelho e a toalha sempre à espera.
Corre.
Corredor.
A porta, com ponteiros de relógio..tão invisível quanto a serventia da casa.
Seja bem-vindo,pode entrar
(Vanessa Feitosa)
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