quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Achado



Em numa noite fabulosa e fumegante
Sussurros, zunidos, nada parecido como antes
Que estranho você dizer que me ama
Olhar debaixo da cama, o bicho papão encontrar
Sem pestanejar mais que depressa me assusto
Um leve arbusto lá fora insiste em balançar
Neste espaldar constante você baixinho ressoa
Cheiro de broa advém do fogão à lenha
A desejar se emprenha, nunca a me confortar
Da beleza aprazível de um eterno odiar
Ecoa uma canção fúnebre, sonoro réquiem
Prosopopéias soltas que ninguém mais se lembra
Do passado foi presente o futuro já atravessa
Humilde trepeça punhado de memória
Uma aporia do destino agora nada vivaz
Pobre rapaz que muito perdido se encontra
Pois achado no local mais improvável.

Alderon Marques

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